Animação Sociocultural
A animação sociocultural, cujo conceito nasceu na Europa nos anos 60, pode ser vista como uma intervenção dialéctica dos indivíduos e dos grupos com o seu meio e sobre si mesmo, contribuindo para uma melhoria da qualidade de vida (Viché, 1989 referido em Quintas e Castaño, 1998).É um despertar para a descoberta e desenvolvimento das potencialidades e capacidades de cada comunidade. Esta prática mune-se de metodologias participativas e activas para promover a implicação responsável e livre dos indivíduos na comunidade onde se inserem, tornando-os protagonistas do seu próprio desenvolvimento.Segundo a UNESCO " a animação sociocultural é um conjunto de práticas sociais que têm como finalidade estimular a iniciativa, bem como a participação das comunidades no processo do seu próprio desenvolvimento e na dinâmica global da vida sócio – politica em que estão integrados. " O animador sociocultural assume uma importante função de mediador e facilitador das práticas culturais nos tempos livres, de forma a contribuir para o desenvolvimento cultural de um colectivo, grupo ou comunidade, organizando, coordenando e/ou desenvolvendo actividades facilitadoras da animação, sejam elas de carácter cultural, educativo, social ou artístico.
Definição de Infância…
"Um grupo social específico, detentor de um conjunto complexo de práticas e representações próprias e características" Saramago, Sílvia Sara Sousa, 2000, (idem) .
A criança é um dos elementos fulcrais da família contemporânea e contudo, pouca atenção lhe tem sido dada pela sociologia. Foram, apesar de tudo, elaboradas algumas teorias sobre o papel e o lugar da criança na família. André Burguière, por exemplo, defende que com a emergência da contracepção se assistiu a uma mudança de atitude perante a vida, a uma mudança afectiva que conduziu a uma valorização qualitativa da criança, ou seja, passou-se a investir no futuro da criança, através da educação, dos acrescidos cuidados de médicos e da elevação do nível de vida. Assim, as crianças passam a ser encaradas numa perspectiva de estratégia de ascensão social. Philippe Ariès refere que o desenvolvimento do sentimento da infância se prende com a tomada de consciência de existência de uma personalidade infantil e com o prolongamento do período da infância o que tem como consequência uma nova valorização da criança, no sentido em que lhes são prestados mais cuidados, nomeadamente de saúde e educação. A vida da família organiza-se em função das necessidades da criança.
Animação sociocultural na infância
A educação nos tempos livres Os tempos livres são um referente temporal onde podem ter lugar acções educativas muito diferentes.Para diferenciar a animação sociocultural na infância de outras actividades educativas que também têm lugar nos tempos livres, à que salientar algumas precisões conceptuais.A animação infantil aproveita o potencial educativo do ócio[1] para criar processos de desenvolvimento pessoal e social. Defende o valor da liberdade e não se preocupa em entreter ou distrair as crianças, ocupando os seus tempos livres com actividades educativas concebidas e conduzidas de forma restrita, nem também pretende servir-se dos tempos livres dos sujeitos para alcançar objectivos instrutivos.Para a animação sociocultural na infância, as actividades não são um fim, mas um meio com o qual se conta para atingir o objectivo último: educar no ócio.A animação infantil terá como objectivo principal possibilitar que a criança possa brincar e que o faça em condições que permitam o seu desenvolvimento individual e grupal.As actividades e os recursos da animação sociocultural na infância coincidem com muitos dos recursos e das actividades da educação não formal dirigidas, especificamente, ao público infantil: actividades extra-escolares; actividades e recursos de carácter cultural; actividades e recursos recreativos, etc.
Animação sociocultural e desenvolvimento comunitário
A Animação comunitária implica o desenvolvimento comunitário, tentando compreende-la na sua multidimensionalidade. A melhor estratégia de intervenção na Animação Comunitária é partir do pressuposto "agir local; pensar global". A mudança começa em cada um de nós, na modificação de atitudes, no quotidiano; a partilha intergeracional e inter - cultural promovem o crescimento individual e colectivo.Uma intervenção a nível comunitário tem em conta todos os sectores de âmbito cultural, social, associativo e educativos de uma comunidade, nos quais a ASC tem um importante papel no reforço de laços comunitários e transformação social estimulando a iniciativa e a participação, discussão e reflexão, que favorece impreterivelmente a evolução das mentalidades e a mudança para uma sociedade "mais social", solidária reflexiva e autocrítica. Este modelo de desenvolvimento em, de e para a comunidade tem como finalidades últimas promover a participação e dinamização social, a partir dos processos de responsabilização dos indivíduos na gestão e direcção dos seus próprios recursos.A animação sociocultural é um instrumento adequado para motivar e exercer a participação.Esta visão de desenvolvimento comunitário parte da necessidade de uma adequada articulação da sociedade, em que os três eixos por que é constituída: Estado, mercado e sector terciário, trabalhem de forma complementar e onde a solidariedade exista no interior de cada um deles. O fortalecimento da sociedade civil necessita de uma real distribuição e divisão de poder: económico, social, educativo, cultural e político. Requer fornecer as possibilidades para que qualquer pessoa possa levar a vida de forma organizada associativamente.A animação sociocultural é uma estratégia adequada para motivar e dinamizar a sociedade civil. Pelos métodos técnicos e estilo que utiliza, é um instrumento adequado para promover a participação e a dinamização social dos cidadãos.É urgente intervir ao nível da Animação Comunitária, no sentido de preservar os valores e reforçar as identidades culturais que caracterizam uma sociedade.
Desenvolvimento local
"O desenvolvimento local é antes de mais uma vontade comum de melhorar o quotidiano; essa vontade é feita de confiança nos decursos próprios e na capacidade de os combinar de forma racional para a construção de um melhor futuro. É aquilo a que se chama frequentemente a " cultura em desenvolvimento" : a situação atingida por uma população ao sentir-se capaz e ao capacitar-se para avaliar os problemas actuais, para pôr em equação necessidades e recursos, para conceber projectos de melhoria, integrando as dimensões de espaço e de tempo e para, enfim, abranger com esses projectos finalidades de desenvolvimento global – pessoal como colectiva, económico como cultural e sócio – político. Tem sido possível chegar a este estádio através de processos de interacção entre populações locais e animadores/investigadores do exterior, entre expressões de cultura local e de cultura técnica e erudita que levem à criação de zonas de gradual autonomia, em que se ordena o espaço e se programa o tempo segundo uma vontade localmente definida em que a economia visa a satisfação de necessidades efectivamente sentidas"
In, Alberto Melo
